O assunto desta semana em nada tem a ver com a Nossa Pele no sentido literário, mas no figurado afeta a Nossa Pele em muito! Reproduzo o e-mail enviado por mim a redação da Zero Hora, ao colunista Paulo Santana.
Prezado Paulo Santana,
Felicitações e votos de Um Ano Novo de Alegrias!
Escrevo indignado com fatos ocorridos na tarde de ontem, após acidente de trânsito ocorrido na BR-116, conforme noticiado no Click RBS:
Acidente entre três veículos deixa um morto no sul do Estado
Colisão ocorreu no km 452 da BR-116, em São Lourenço do Sul
Atualizada às 20h11min
"Um acidente envolvendo três veículos deixou um morto e cinco feridos em São Lourenço do Sul, no sul do Estado. Por volta das 15h15min, uma caminhonete Nissan Primera, com placa de Pelotas, teria forçado uma ultrapassagem no km 452 da rodovia Pelotas-Camaquã (BR-116). O veículo seguia no sentido Capital-Interior quando arriscou a manobra e acertou de frente um Astra e um Prisma.
A colisão interrompeu a rodovia durante a tarde, já que equipes de resgate da Ecosul, concessionária que administra o trecho, foram acionadas para remover os feridos. O condutor do Prisma, Luis Carlos Goveia, 43 anos, morreu a caminho do Pronto Socorro de Pelotas.
Entre os feridos estariam duas crianças, também levadas para Pelotas, juntas com outro adulto. Mais dois adultos foram atendidos em São Lourenço do Sul."
Sou médico e retornava com amigos do litoral do Uruguai. Cheguei ao local minutos após o acidente. Após parar na fila de carros, a poucos metros do local, fui abordado por outro motorista, que perguntava se havia algum médico no carro para auxiliar no atendimento às vítimas.
Ao chegar ao local o cenário era de guerra. A Polícia Rodoviária controlava o trânsito. No Prisma preto, o motorista estava preso as ferragens, gravemente ferido, porém com vida e ainda consciente. Os demais ocupantes do veículo, com diversos ferimentos, estavam deitados no acostamento. Uns 30 metros dali, no outro carro, um senhor idoso, com fratura na perna e ferimentos no rosto, consciente, sem nenhum tipo de atendiento.
Mas onde estavam as equipes de resgate da ECOSUL citadas na matéria ?
Na realidade, a equipe de resgate consistia da ambulância, equipada com material básico de socorro e o motorista. NÃO haviam médicos, técnicos de enfermagem, ninguém para prestar socorrro. O atendimento às vítimas foi realizado por usuários da rodovia, clientes da concessionária, que trafegavam pelo local.
Sabemos que os primeiros minutos após um acidente são decisivos para salvar uma vida. A chamada equipe de resgate, composta de um técnico de enfermagem, chegou ao local muito depois.
Ele que nos auxiliou no atendimento as vítimas.
Eu, juntamente, com outros três colegas médicos, que também passavam pelo local, prestamos o atendimento às vítimas. Nossa indigninação era geral! Não nos recusamos a prestar atendimento, mas onde está a responsabilidade da concessionária.
Pagamos pedágios para que? Apenas para manutenção do asfalto???
No trecho onde ocorreu o acidente, entre Camaquã e Rio Grande, existem 4 praças de pedágio em apenas 194 km de distância. Cada veiculo de passeio, para trafegar neste trecho, paga R$ 29,40. Os veículos de carga e ônibus chegam a pagar o dobro!
O local do acidente está há apenas 21 km da praça de pedágio de Cristal. Será que não existe pelo menos uma equipe de resgate, composta por médicos e paramédicos em cada praça??? Será que nos feriados este efetivo não é reforçado??? Quem fiscaliza este serviço??? A quem reclamar???
Será que o dinheiro arrecadado não é suficiente para manter equipes treinadas, equipadas e em número suficiente para garantir o atendimento de usuários das rodovias???
Quantas vidas já foram perdidas por este descaso???
Caro Santana, espero que a minha indignação encontre eco nos meios de comunicação e que cada um assuma sua responsabilidade. Que os novos governantes, recém empossados, revejam estas concessões e cobrem das concessionárias um serviço digno e eficiente, afinal estão sendo bem pagas para isso.
Grande abraço,
Márcio Teixeira, cremers 20214, Porto Alegre.
Boa semana e Feliz Ano Novo a todos!
Correção: entre Camaquã e Rio Grande são 190 km, pelas BR-392 e BR-116, com 3 praças de pedágios, totalizando R$ 23,40.
